Treinador Glauber Caldas com a Categoria Sub-11 do Centro Esportivo Ubaense |
Inspirado
pela troca de idéias em duas Palestras conduzidas pelo Professor e Treinador de
Futebol Glauber Caldas no Grupo de Estudos de Futebol da Universidade Federal de
Viçosa, coordenado pelo Professor Próspero Brum Paoli, sob a organização do
Graduando em Educação Física Leonardo Cherede, resolvi escrever sobre a
importância dos clubes formadores para o futebol brasileiro.
Muitos
falam de crise no futebol brasileiro, de empresários que dominam o mercado, de
perda da identidade no futebol, que não existe mais show, que os jogadores não
têm mais a mesma plasticidade como antigamente, que o físico supera a
capacidade técnica e na contramão de todas estas insinuações, existem os clubes
formadores de atletas para o futebol, que continuarão a garantir a hegemonia
brasileira em um futuro que considero próximo.
Com os
processos de urbanização e o acesso fácil à produtos eletrônicos, cada vez mais
as crianças estão tendo menos espaço para expressar-se corporalmente, ficando
confinadas a uma sala em frente à Tv, vídeo game e computador. Este processo
leva a uma diminuição significativa de potenciais atletas de qualquer
modalidade, pois há um déficit na formação de um Padrão Motor Geral (PMG), além
da propensão em tornar crianças obesas e relutantes em relação à prática de
atividade física. Não defendo a idéia de muitos que falam que o jogador
brasileiro é formado nas ruas, mas de fato, a vivência de jogos e brincadeiras
que são realizadas na rua, influencia na capacidade motora do sujeito.
Hoje um dos
maiores desafios para os grandes clubes é a captação de atletas para a base,
pois além do problema que citei acima em relação ao PMG, os clubes, mesmo com a
política de escolinhas e uma série de olheiros, não conseguem atingir o vasto
território Nacional. O Clube Formador deve suprir as necessidades de captação
dos grandes clubes, mas para que isso seja realizado de forma efetiva, devem-se
seguir diretrizes essenciais preconizadas pelo projeto de formação do clube,
respeitando as faixas etárias e o período maturacional dos atletas. Para que as
diretrizes sejam seguidas, são necessários profissionais que tenham profundo
conhecimento em trabalhar com futebol de base, enfatizando o trabalho técnico, aliando a parte física, tática e psicológica à formação de um cidadão consciente. Segue abaixo
um diagrama de como pode ocorrer este processo de captação.
Modelo de Captação para Grandes Clubes através de Clubes Formadores |
O Centro
Esportivo Ubaense é um clube formador, do qual tenho orgulho de estar na equipe
técnica, junto com excelentes profissionais que vivenciam todos os dias a
evolução dos garotos que lá treinam com dedicação. Às vezes me assusto com a
evolução dos atletas, tanto em relação aos aspectos coordenativos, na técnica
específica, na maturidade dentro e fora de campo e na noção posicional do
espaço de jogo. De fato as diretrizes do processo de formação agregam valor aos
atletas e mesmo que alguns não cheguem a
virar profissionais no futebol, carregarão consigo a importância do trabalho
coletivo, o respeito ao ambiente em que se vive e a capacidade de sempre ir
atrás dos objetivos traçados para suas vidas.
Faço minhas,
as palavras do Professor e Técnico Diogo Giacomini em uma entrevista à
Universidade do Futebol onde ele relata que existe sim uma mudança lenta, porém
profunda no futebol brasileiro, onde o trabalho de base, através de
profissionais que tenham uma formação consistente e conceitos bem definidos, conseguirá
em médio prazo formar atletas mais participativos, autônomos e inteligentes e na minha opinião cabe aos Clubes Formadores serem o pontapé inicial de todo este processo.
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